Clara Drummond

Qual é sua ideia de felicidade perfeita?

Certa vez um amigo me disse: nada é mais satisfatório que a própria satisfação. Então creio que a felicidade perfeita é quando a gente consegue se livrar dos desejos desnecessários, como aqueles que surgem do capitalismo, e deixar só os desejos que vem da alma.

Qual é o seu maior medo?

Dor física.

Que característica mais detesta em você?

É muito presente na minha vida a dor e a delícia de ser uma pessoa estranha, inadequada socialmente. Nos momentos de dor, essa é a característica que mais detesto em mim.

Que característica mais detesta nos outros?

Materialismo.

Que pessoa viva você mais admira?

Padre Julio Lancellotti.

Qual é a sua maior extravagância?

Acho que o hábito de trocar o dia pela noite (para escrever ou para dançar).

Qual é o seu estado mental atual?

Feliz, satisfeita, saudável.

Que virtude considera superestimada?

Simpatia, porque não diz nada a respeito do código de ética de uma pessoa, é uma qualidade muito superficial.

Em que ocasião você mente?

Às vezes é preciso mentir para ser educada.

O que menos gosta sobre sua aparência?

Minha pele, que é muito sensível.

Que pessoa viva você mais despreza?

Jair Bolsonaro e seus asseclas.

Que qualidade mais admira em um homem?

Senso de humor, mente aberta, rapidez de raciocínio.

Que qualidade mais admira em uma mulher?

Ambição existencial.

De que palavras ou frases você abusa?

Infelizmente uso muitas muletas de discurso, como “tipo”.

O que ou quem é o maior amor da sua vida?

Meus amigos.

Quando e onde você foi mais feliz na vida?

Em 2013, no mar do Leme. Foi quando eu percebi que poderia ser feliz.

Que talento você mais gostaria de ter?

Eu queria saber dançar.

Se você pudesse mudar uma coisa sobre você, o que seria?

Eu seria mais dedicada e esforçada.

O que considera sua maior conquista?

Eu nunca imaginei que teria tantos amigos. Fui uma adolescente muito solitária.

Se você morresse e voltasse como uma coisa ou uma pessoa, o que você gostaria de ser?

Hilda Hilst parece ter tido uma vida bem divertida: linda, brilhante, chiquérrima, escreveu muito, fez muito sexo, falava com os mortos, tinha amigos incríveis e muitos cachorros.

Onde você mais gostaria de morar?

Londres, mas antes da cidade se tornar inabitável para pessoas não-ricas. As cidades perdem a alma quando tornam-se tão caras.

Qual é o seu pertence mais estimado?

Meus blazers vintage Yves Saint Laurent.

O que você considera o nível mais baixo da desgraça?

A falta de consciência de classe da elite brasileira.

Qual sua ocupação favorita?

Eu gosto muito de ficar sozinha em casa à noite pensando na vida.

Qual sua característica mais marcante?

Eu cometo muitas gafes e falo muitos absurdos.

O que você mais valoriza em seus amigos?

Lealdade, inteligência, senso de humor, e um certo exotismo de alma.

Quais os seus escritores favoritos?

Albert Camus, Thomas Bernhard, Susan Sontag, Sylvia Plath, Janet Malcom, Marcel Proust…

Quem é seu herói na ficção?

Assim, pensando rápido, Peggy Olson, de Mad Men (estou revendo a série).

Com qual figura histórica você mais se identifica?

Resposta pretensiosa: Albert Camus, que nasceu no mesmo dia que eu.

Quem são seus heróis na vida real?

São aqueles que priorizam a luta coletiva em detrimento das ambições pessoais.

Quais são seus nomes favoritos?

Eu normalmente gosto de nomes de origem judaica, acho quase todos lindos.

O que você mais detesta?

Consumismo, nepotismo, injustiça, desigualdade social, e tantas outras coisas que o capitalismo nos traz.

Qual seu grande arrependimento?

Eu perdi muito tempo sofrendo por gente medíocre. Eu queria ter tido uma melhor curadoria de sofrimento.

Como gostaria de morrer?

Eu quero morrer relativamente jovem, consciente da passagem, e, se possível, sem dor.

Qual é o seu lema?

Eu gosto muito de usar como lema um poema do Leminski: “Isso de ser exatamente o que se é ainda vai nos levar além”.