Precarização do trabalho

De filme francês com Marion Cotillard a livro sobre o trabalho nos armazéns da Amazon, confira cinco dicas de um dos maiores especialistas do assunto no país, o sociólogo e professor da Unicamp Ricardo Antunes

Leonardo Neiva 29 de Abril de 2025

Em tempos de “uberização”, afrouxamento de direitos trabalhistas e reforma da Previdência, a questão da precarização do trabalho vem se tornando uma das principais preocupações dos profissionais. E, quando falamos na realidade desse mercado, o sociólogo e professor da Universidade de Campinas (Unicamp) Ricardo Antunes é uma das maiores autoridades do tema no país. Especializado na sociologia do trabalho, ele também já foi professor na Fundação Getúlio Vargas (FGV) e da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) e teve passagens como pesquisador por instituições europeias como a Universidade de Coimbra, em Portugal, e a Universidade de Sussex, na Inglaterra. É autor, entre outras obras, de “O Privilégio da Servidão” (Boitempo, 2018) e “Os Sentidos do Trabalho” (Boitempo, 1999). A seguir, Antunes dá cinco dicas de conteúdos para você se aprofundar no assunto.

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    “Icebergs à Deriva: O trabalho nas plataformas digitais”, de Ricardo Antunes (org.) (Boitempo, 2023)

    “Pesquisas estampam cada vez mais a explosão de novas formas de adoecimento e sofrimento do trabalho. Impulsionadas por algoritmos, tecnologias e IA, vivenciamos um cenário devastador: jornadas de trabalho ilimitadas, direitos surrupiados, trabalho dentro e fora de casa. As consequências são burnout, assédios, acidentes, mortes e suicídios. Esse estudo, com pesquisadores do Brasil e do exterior, fotografa criticamente o trabalho em plataformas de entregadores, de transporte, entre educadores, no telemarketing, etc.”

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    “Dois Dias, uma Noite”, de Luc e Jean-Pierre Dardenne (2014)

    “O trabalho, desde o início da vida social, é uma atividade vital, uma condição de sobrevivência. Mas o ideário empresarial tem outro lema: viver para trabalhar, numa inversão do sentido humano e social do trabalho, que virou sinônimo de tortura. Afinal, Elon Musk ou Jeff Bezos buscam o bem-estar da humanidade que trabalha ou o enriquecimento ilimitado? O filme mostra uma situação difícil, na qual trabalhadores devem ‘escolher’ o próximo a ser demitido. Nasce, então, um momento no qual floresce a solidariedade de classe.”

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    “Rádio Escafandro: Trabalhadores do futuro não sangram”

    “A precarização do trabalho é resultado de uma disputa pela redução da jornada, por parte dos trabalhadores, e da valorização do capital, pelos proprietárias. Em disputa, o controle do tempo de trabalho. Assim, trabalhadores lutam contra o desemprego e por direitos, sendo que o capital busca o inverso, para gerar mais riqueza. O podcast, muito bem realizado, contempla depoimentos, experiências e análises sobre os reais e contraditórios significados do trabalho, das origens até os dias atuais.”

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    “Amazon: Trabalhadores e robôs”, de Alessandro Delfanti (Unicamp, 2023)

    “Quanto mais se monetiza, mais o capitalismo empurra uma massa enorme para a informalidade, sem direitos nem previdência, atingindo mais mulheres, negros, indígenas, imigrantes, LGBTQ+, etc. O livro apresenta a realidade do trabalho nos armazéns da Amazon, como exemplo do trabalho precarizado hoje. Se a explosão das plataformas digitais ocorre ao lado da indústria 4.0 e a IA, que aumentam o desemprego, muitos trabalhadores só conseguem recorrer a esse trabalho intermitente, precarizado e sem direitos.”

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    “Você Não Estava Aqui”, de Ken Loach (2018)

    “A corrosão dos direitos do trabalho é uma exigência crescente do mundo corporativo. No Brasil, depois da reforma trabalhista de Temer e do desmonte de Bolsonaro, férias, 13º e jornada regulamentada se tornaram ‘arcaicos’. O ‘moderno’ está nas plataformas digitais, onde o trabalho intermitente e sem direitos é impulsionado, como a ‘uberização’ que cresce no mundo. O filme é uma reflexão contundente sobre a realidade do trabalho em plataformas, afetando a vida de um entregador e mostrando sua dimensão trágica.”

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