Dez filmes brasileiros sobre cidades — Gama Revista
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Bloco de notas

Dez filmes brasileiros sobre cidades

Obras do nosso audiovisual que ampliam a compreensão sobre a vida urbana contemporânea

Dez filmes brasileiros sobre cidades

Sarah Kelly 22 de Setembro de 2024

Obras do nosso audiovisual que ampliam a compreensão sobre a vida urbana contemporânea

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    “Ser Feliz No Vão” (2020) é uma viagem pelo passado, presente e futuro do povo preto no Brasil. Ao compilar imagens clássicas do audiovisual brasileiro seguidas de cenas com trens, carros e ônibus, o diretor Lucas Rossi denuncia a luta por espaço dessa minoria em um filme sempre em trânsito. Durante os 13 minutos de duração, são ainda apresentados trechos de reportagens e entrevistas de artistas brasileiros. Se, em dado momento, uma jovem de Copacabana defende a cobrança de taxas para entrar em praias de elite, em outro, Mano Brown afirma que “chegou a época da periferia dominar”. O curta tem um final esperançoso, com a voz de Elza Soares na canção “O que se Cala”, que inspirou o título do filme pelo trecho “ser feliz no vão, no triz, é força que me embala”. Disponível no Youtube.

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    Kleber Mendonça Filho é uma das referências quando se trata de cinema contemporâneo e filmes sobre a cidade. Em “Aquarius” (2016), ele aborda a gentrificação a partir de uma protagonista ameaçada por uma construtora que busca demolir o prédio habitado por ela durante toda sua vida. Já o thriller “O Som ao Redor” (2012) mostra a chegada de uma milícia em uma rua de classe média de Recife e discute o convívio na cidade. O recente “Retratos Fantasmas” (2023) expõe a decadência da região central e dos cinemas de rua de Recife. Disponíveis na Netflix.

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    Conflitos com a polícia, escaladas perigosas em prédios da cidade e criatividade são alguns dos elementos presentes na vida de pichadores. Em “PIXO” (2010), a câmera segue os bastidores da prática típica das madrugadas de São Paulo para contribuir com o debate sobre a natureza da pichação. Os irmãos João Wainer e Roberto T. Oliveira vão até os primórdios da expressão urbana brasileira e mostram como ela surge da luta de classes e da resistência à segregação espacial. Com trilha sonora recheada de clássicos do rap, o longa é uma boa escolha para quem busca compreender a relação entre hip-hop e a cidade. Disponível no Youtube.

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    Na lista de filmes de Walter Salles ovacionados em eventos de cinema está “Linha de Passe” (2006), aplaudido por nove minutos no Festival de Cannes de 2008. O longa rendeu o prêmio de melhor atriz para Sandra Corveloni naquele ano. Ela interpreta Creuza, uma mãe de quatro filhos, que é empregada doméstica e está grávida de um desconhecido. Enquanto buscam seus sonhos, que vão desde o futebol até a busca pela figura paterna, os integrantes da família lidam com o lugar em que vivem e com as desigualdades sociais que o perpassam, de forma que a cidade se torna a sexta protagonista da trama. Disponível para aluguel no Youtube.

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    Desconstruindo a imagem de um sertão problemático e atrasado, “Boi Neon” (2015) mostra um nordeste cosmopolita. “É um filme sobre a transformação da paisagem humana”, explica o diretor Gabriel Mascaro em entrevista. No longa, o protagonista também desafia estereótipos: trata-se de um vaqueiro viajante especializado em vaquejadas cujo maior sonho é se tornar estilista. Além da quebra de paradigmas, a produção chama a atenção pela fotografia impactante, que segue a ideia de cores vibrantes sugerida pelo título. Disponível no Reserva Imovision.

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    “Mesmo [com o direito à moradia] garantido na Constituição, não foi resolvido. A gente tem que virar um fora da lei para cumprir a lei“, relata uma das entrevistadas de “À Margem do Concreto” (2006). Para mostrar a realidade dos trabalhadores sem teto, Evaldo Mocarzel acompanha os movimentos de ocupação do centro de São Paulo. O documentário faz parte de uma tetralogia do diretor sobre a exclusão social paulistana, que denuncia a reprodução de preconceitos nas publicações jornalistícas. Disponível no Youtube.

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    Dirigido por Eliane Caffé, “Era o Hotel Cambridge” (2016) também levanta a questão da moradia, tendo inclusive a participação do coletivo Frente de Luta por Moradia (FLM). A obra mistura ficção e realidade para narrar a chegada de refugiados ao Brasil, que dividem um edifício abandonado no centro de São Paulo com pessoas em situação de vulnerabilidade. Originários do Congo, da Palestina, da Síria e da Colômbia, os novos moradores da hospedaria lidam com diferentes tensões, seja pela ameaça de despejo ou pela convivência turbulenta entre os residentes.

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    Em 1970, teve início a Campanha de Erradicação de Invasões (CEI), política responsável por deslocar à força milhares de trabalhadores que viviam em barracos na capital. “A Cidade É uma Só?” (2011) é uma docuficção que relata a história de Ceilândia, cidade que surgiu dessas expulsões. A trama acontece em torno de narrativas individuais. Nancy Araújo, única personagem verídica, busca os documentos da época da fundação, enquanto Dildo, um carismático político, concorre a deputado distrital prometendo representar as lutas da cidade satélite. Sem deixar de entreter, o longa discute a exclusão social e territorial promovida pelo governo. Disponível no Youtube.

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    Já imaginou entrevistar seu próprio pai? Essa é a premissa de “Tudo É Projeto” (2017), que conta a história de Paulo Mendes da Rocha, um dos mais importantes arquitetos do mundo, sob a perspectiva de Joana Mendes da Rocha, sua filha. Como o nome prevê, o filme apresenta opiniões polêmicas do arquiteto sobre urbanismo. Afinal, Rocha define que “uma cidade, antes de mais nada, é uma construção”, ou seja, a cidade é um organismo vivo e muitos dos princípios de quem está nela são determinados pela arquitetura disposta . Disponível no CurtaOn.

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    Ainda sobre reflexões do urbanismo, “E” (2014) amplia o debate sobre ocupação do espaço. O curta-metragem traz um novo olhar a respeito dos estacionamentos, lugares vazios que carregam significados, como o domínio do setor automotivo. As cenas transitam entre imagens do Google Street View e fotos reais, além de trazer sons ambientes de automóveis e de construções. Sem mostrar qualquer pessoa de forma visual, apenas no áudio, a obra experimental ironiza a visão idealizadora que alguns dos personagens têm sobre os carros. Disponível no Mira Filmes e no Looke.