Séries e filmes em escritórios memoráveis

Lição número um para entender o ambiente de um escritório, a versão americana de “The Office” (2005-2013) produziu nada menos do que 201 episódios. Prova de que, nesse ambiente, não há limites para situações embaraçosas e também hilárias. O episódio mais comentado da série, no entanto, acontece fora do escritório da empresa de papel Dunder Mifflin. Em “Dinner Party” (temporada 4, episódio 9), acompanhamos um jantar na casa de Michael Scott (Steve Carell) e sua namorada, Jan Levinson (Melora Hardin); os convidados são os colegas de escritório Jim, Pam, Andy e Angela. Prepare-se para momentos memoráveis de constrangimento. Disponível no Netflix.

É a brutalidade do dia a dia do escritório que ganha destaque no clássico vencedor do Oscar, “Se Meu Apartamento Falasse” (1960). O protagonista, interpretado por Jack Lemmon, encontra uma forma nada ortodoxa de ganhar destaque na competitiva realidade corporativa: emprestar seu apartamento para que os executivos da companhia onde trabalha se encontrem com suas amantes. Além da fina ironia extraída pela direção do cineasta Billy Wilder, o longa ficou famoso pelas representações visuais do impiedoso ambiente de escritório da época, com mesas a perder de vista e uma impessoalidade que faz algumas cenas parecerem coisa de ficção científica. Disponível no Prime Video.

Como uma “Sex & The City” contemporânea que se passa em um escritório, “The Bold Type” (2017-2021) acompanha três jovens mulheres que trabalham em uma revista feminina em Nova York e tentam equilibrar carreira, vida amorosa e amizades. Jane (Katie Stevens), Kat (Aisha Dee) e Sutton (Meghann Fahy) sempre se encontram no closet da empresa para compartilhar segredos e garrafas de vinho. Apesar das idealizações, uma ótima opção para se divertir. Disponível no Prime Video e no Globoplay.

Se há um lugar em que bons looks combinam com grosseria — hoje mais conhecida como assédio moral — é no escritório da revista de moda novaiorquina “Runway Magazine”, onde se passa “O Diabo Veste Prada” (2006). Ali, o sonho alimentado por muitos jovens, de trabalhar com Miranda Priestly (Meryl Streep), editora-chefe da publicação, se revela uma experiência traumática para Andy Sachs (Anne Hathaway). O filme é inspirado no livro homônimo de Lauren Weisberger, ex-assistente de Anna Wintour, editora da Vogue. Disponível no Disney+.

Se analisarmos essa louca comédia de Mike Judge com os olhos de hoje, parece até que “Como Enlouquecer Seu Chefe” (1999) previu algumas tendências bastante contemporâneas. Seja ao usar um humor caótico para falar da exaustão do trabalhador ou ao pintar um protagonista subitamente relaxado de suas obrigações profissionais, recusando-se a fazer qualquer coisa além do mínimo, o longa parece um prenúncio da crise de saúde mental no trabalho e de movimentos como o quiet quitting. Mas o filme vai bem além disso. Com um elenco que engloba Ron Livingston no papel principal, além do onipresente Stephen Root e de uma Jennifer Aniston ainda no início do estrelato, ele escancara as pressões excessivas do escritório e as inúmeras incoerências do mundo do trabalho, culminando numa divertida sátira de vingança contra aqueles que estão no comando desse circo. Disponível no Disney+.

Imagine trabalhar em um lugar em que você não tem absolutamente nada para fazer. Essa foi ideia de Fernanda Young ao escrever “Os Aspones” (2004), nossa “The Office” brasileira. A série, com apenas sete episódios, acompanha o dia a dia de uma repartição pública de Brasília responsável pelo arquivamento físico de documentos — tecnologia substituída por computadores. Anete (Marisa Orth), Caio (Pedro Paulo Rangel) e Moira (Drica Moraes), os aspones, têm sua tranquilidade abalada com a chegada do novo chefe Tales (Selton Mello) e da estagiária Leda (Andréa Beltrão), que tentam transformar a dinâmicas do local sem entender que não há realmente nada a fazer. Disponível no Globoplay.

Um hit revivido neste ano, com o lançamento da segunda temporada, “Ruptura” (2022-) é uma distopia sobre cinco funcionários da empresa Lumen que passam a ter suas memórias pessoais e de trabalho permanentemente separadas após um procedimento cirúrgico. Ou seja, eles só se lembram do trabalho enquanto estão no escritório e, em casa, estão livres das preocupações profissionais. Quando decidem investigar a verdade por trás de suas funções, desvendam mistérios inesperados — e descobrem que a empresa guarda segredos muito maiores do que imaginavam. Disponível na Apple TV+.

“Enlightened” (2011-2013) pode te lembrar de algum narcisista que você conhece. E se essa pessoa tivesse um renascimento espiritual? Nesta comédia dramática, acompanhamos Amy (Laura Dern), uma executiva em crise que tenta se reinventar após um colapso no trabalho e um retiro espiritual no Havaí. A série rendeu o Globo de Ouro de melhor atriz em série de comédia ou musical para Dern. Disponível na Max.

Ambientada ao longo da década de 1960, a série multipremiada “Mad Men” (2007-2015) retrata o cotidiano de uma agência de publicidade em Nova York e revela, com elegância e crítica, as transformações sociais, políticas e de gênero da época. Criada por Matthew Weiner e protagonizada por Jon Hamm no papel de Don Draper, a produção também mostra a evolução do ambiente de escritório – de móveis de madeira e copos de whisky às tensões entre equipe – em um retrato visual da década e de seus bastidores profissionais. Disponível no Mercado Play.