O guia do sexo para homens cisgêneros e héteros — Gama Revista
E aí, o sexo mudou?
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Jena Ardell/Getty Images

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5 dicas

O guia do sexo para homens héteros

Se você, homem cisgênero e hétero, quer sair do mais do mesmo na hora H, saiba o que mais pode ser feito entre quatro paredes

Daniel Vila Nova 17 de Abril de 2022

O guia do sexo para homens héteros

Daniel Vila Nova 17 de Abril de 2022
Jena Ardell/Getty Images

Se você, homem cisgênero e hétero, quer sair do mais do mesmo na hora H, saiba o que mais pode ser feito entre quatro paredes

O homem heterossexual aparece nas rodas de conversa de mulheres quando o assunto é sexo. Foi-se o tempo em que uma transa ruim era confinada à cama em que ela ocorreu, cada vez mais mulheres estão botando a boca no trombone e reclamando de homens cisgêneros e héteros na hora do sexo. De nudes ruins aos parceiros que necessitam de um GPS para encontrar o clitóris, são muitas as queixas femininas relacionadas a hora H.

A decepção das mulheres é tamanha que até um termo foi inventado para falar sobre o assunto –heteropessimismo. Entre inúmeros outros fatores, a inabilidade de homens cisgêneros e héteros na cama frustra toda uma geração de mulheres cada vez mais conscientes do próprio corpo e prazer. Para muitas delas, homens são vistos como figuras que só se importam com o prazer próprio.

Às vezes o cara acha que está arrasando, mas a mulher não está sentindo nada

“Tem um egocentrismo envolvido, eles estão muito preocupados com eles mesmos para prestar atenção em você”, diz Mel Fire, atriz pornô, modelo, escritora e apresentadora. Ela afirma que, segundo experiências próprias e relatos de amigas, o estereótipo do homem hétero que não sabe transar é real. “Às vezes o cara acha que está arrasando, mas a mulher não está sentindo nada.”

A sexóloga Ana Canosa, colunista do UOL e autora de quatro livros sobre a temática, enxerga uma mudança na nova geração de homens, mas admite que eles ainda têm muito a percorrer. “Acredito que haja uma intenção masculina em dar prazer às mulheres. O que falta é o conhecimento da fisiologia e da resposta sexual feminina para que as práticas sejam mais efetivas.” Seja por falta de educação sexual ou por aprenderem sobre sexo por meio da pornografia, falta a muitos homens as ferramentas necessárias para dar prazer as suas parceiras. “Não basta saber onde fica o clitóris, é preciso entender como o clitóris funciona”, afirma Canosa.

Se você é uma mulher que não aguenta mais transas ruins ou um homem que deseja sair do mais do mesmo, Gama reúne cinco dicas que todo homem cisgênero e hétero precisa saber na hora H.

  • 1

    Tente mostrar quando está gostando. Homens também gemem –
    Não há nada pior durante uma transa do que alguém que não geme, fala ou dá qualquer sinal de vida. Para muitas mulheres, essa é uma reclamação comum – seus parceiros imitam um cadáver e não murmuram uma palavra durante o ato. “É importante se comunicar, mostrar para o outro que está gostando do que está sendo feito”, afirma Canosa. Um bom sexo é o sexo onde as duas pessoas se comunicam e se entendem. Se melhorar os sinais dados é uma urgência para homens héteros, saber ler os sinais das parceiras também é um departamento que precisa ser melhorado. “Investigue, seja curioso com o corpo do outro. Pergunte de um jeito sensual se a pessoa está gostando”, fala a sexóloga. A modelo Mel Fire complementa: “Você precisa estar atento às reações da pessoa. É muito fácil perceber quando uma mulher está gostando ou quando ela está travada”. Além de prestar atenção às reações na hora do sexo, conversar antes e depois sobre o que foi feito na cama pode render bons frutos. “Não existe fórmula mágica que funciona para toda mulher”, relata Mel. “Conversar é a chave para entender o que funciona com a mulher que você está saindo no momento.”

  • 2

    O sexo real não precisa ser como um filme pornô –
    Para muitos homens, especialmente os mais jovens, a pornografia é o único contato com o sexo que eles tiveram antes de começarem a transar. Isso costuma ser um problema. “É preciso saber separar o que é real e o que é fantasia. A pornografia é uma fórmula de estimulo, não realidade”, afirma Jéssica Siqueira, psicóloga e sexóloga da plataforma Sexo sem Dúvida. A pornografia mainstream ensina aos homens uma versão distorcida das atividades sexuais, onde a mulher é objeto de prazer. “Nesses filmes, um estímulo mínimo é o suficiente para um orgasmo intenso. Logo, o homem não precisa saber onde é o clitóris, é só ele lamber de qualquer jeito que, na cabeça dele, a mulher vai gritar de prazer”, relata Siqueira. Presente do outro lado da câmera, a modelo Mel Fire entende que o pornô pode ser utilizado como inspiração na hora H, mas que não deve ser levado como realidade. “Nós exageramos os gemidos, o barulho, a reação. As coisas não funcionam assim na vida real.” Entender que o sexo real não obedece a dinâmica proposta na pornografia é essencial para ter uma vida sexual saudável.

  • 3

    Não vá direto ao pote –
    A pressa é inimiga da perfeição, já diria a sabedoria popular. Se tudo o que passa na sua cabeça quando as coisas começam a ficar mais quente é a penetração, talvez seja hora de reconsiderar algumas coisas. Se um time de futebol não pode jogar sem se aquecer antes, sexo sem preliminar parece ser a receita para o desastre. “Os homens geralmente estão mais preocupados consigo mesmo, fazem cinco minutinhos de sexo oral e já vão logo para a penetração”, diz Mel Fire. Ela entende que as preliminares são a parte mais importante do sexo para muitas mulheres e que a penetração deveria ser a cereja do bolo, não o ato em sua totalidade. Quem concorda com a afirmação é a sexóloga Ana Canosa. “Boa parte das mulheres precisam de um tempo para que a cabeça se conecte ao corpo”, ela diz. Para Canosa, existe uma diferença entre a excitação objetiva, causada por um estímulo sexual visual, contextual ou físico, e a excitação subjetiva. “O fato do corpo responder e se lubrificar não significa que essa mulher está se sentindo excitada.” As preliminares não só estimulam as mulheres sexualmente, mas também criam o clima necessário para uma atividade sexual melhor. “É importante estimular todo o corpo, deixando as genitais por último. Toque, massageie, beije cada pedacinho. Sou sempre a favor de muita pegação antes da penetração”, diz a sexóloga.

  • 4

    Se for mandar nudes, varie as partes do corpo e os ângulos –
    Para muitas mulheres, a palavra “nude” é um forte gatilho tamanho os horrores que elas têm de enfrentar quando decidem trocar fotos com possíveis parceiros sexuais. A grande maioria dos nudes masculinos heterossexuais costuma ter problemas de enquadramento, composição, iluminação e senso estético que beiram o atroz. “O homem hétero não sabe lidar com a própria sensualidade. É sempre algo muito genitalizado, uma foto do pênis. Não há qualquer composição estética em volta”, afirma Canosa. Ela entende que a noção de sensualidade masculina heterossexual ainda está sendo construída e diz que esses homens têm muito a aprender com homens gays. Para um bom nude, o importante é se dedicar a foto e não fazer o que for mais fácil. Procure posições e enquadramentos sensuais e foque em outras áreas que não as genitais. Acima de tudo, tome cuidado com o que você está vestindo e com seus arredores – ninguém merece olhar para seus pés com meias ou para o seu lençol sujo. Se você não sabe por onde começar, a Elástica produziu um guia de como tirar um bom nude.

  • 5

    Falhar faz parte –
    Quem nunca falhou que atire a primeira pedra. Você pode se achar o maior e melhor, mas isso não te exime de possíveis falhas. E está tudo bem. Dois medos comuns entre os homens são o da ejaculação precoce e o da disfunção erétil, mas eles nem sempre são o fim do mundo. “São coisas normais. É bem mais comum do que as pessoas imagem, acontece com muitos caras”, relata Mel Fire. Para a sexóloga Jéssica Siqueira, o importante é entender o próprio corpo e, se for algo recorrente, procurar ajuda médica. “Muitos homens acham que, só porque gozaram rápido uma vez, têm ejaculação precoce. Não é assim que funciona.” A crença tende a alimentar a insegurança, o que pode piorar a questão. Se o medo da falha estiver relacionado ao tamanho do pênis, se garantir em outras áreas é mais do que o suficiente. “Quando o cara sabe o que está fazendo e tem uma boa pegada, nada disso importa”, admite Mel Fire. “Se o cara tá nervoso, é óbvio que não vai dar certo. O importante é levar na esportiva.”