Flavia Feitosa: ‘Não dar designação para a vida é desperdiçar nossa humanidade’

Hoje em dia o discurso do propósito anda meio banalizado. Apesar disso, não deve ser visto de maneira pejorativa. “Há muita desqualificação desse discurso, mas ele não é vazio. Propósito é algo real e profundo e requer espaço, dor, construção e é com esses conceitos amplos que a gente tem que conversar”, afirma a psicóloga Flavia Feitosa, mestre em Psicologia Social pela London School of Economics and Political Science e doutora em Psicologia Social pela USP. Flávia é a entrevistada desta edição do Podcast da Semana.

A psicóloga, que também atua como coach e é professora na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e na Fundação Getúlio Vargas (FGV), acredita que é um desperdício não mapear o seu próprio propósito. “Não dar uma designação para a nossa vida é desperdiçar nossa humanidade”, ela afirma, e vê conexão entre o propósito e felicidade. Isto porque para defini-lo é preciso fazer um exame de autoconhecimento, o que pode apontar para outras questões que são fundamentais para a busca de uma vida mais plena.

Flavia afirma que não há propósito grande ou pequeno demais — o que importa é que seja um reflexo da personalidade de cada um. Escolher algo desconectado de sua realidade por ambição é que pode levar à infelicidade, uma das lógicas que leva à demonização do trabalho com propósito.

“O formato desse propósito diz respeito a você ou é uma imposição social que você se coloca? Ele pode ser imenso e ser superconectado a você, dentro das suas capacidades e do que você sonha. E pode ser grandioso. O Steve Jobs foi um cara que fez algo grandioso e inimaginável, mas o que fez estava conectado com ele. O problema é quando é tão grande que me impede de pensar que vou conquistá-lo. O problema é quando é o sonho da sociedade para nós — e não o nosso”, diz Flavia Feitosa a Gama na entrevista que você pode ouvir abaixo.

No Spotify, na Apple Podcast, no Google Podcast e no link abaixo você escuta essa conversa.

Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima

Produção: Manuela Stelzer

Edição de som: Deisi Witz