CV: Ricardo Gravina — Gama Revista

Curriculum Vitae

CV: Ricardo Gravina

JP Faria

Os erros e acertos do administrador que deixou o mundo corporativo para buscar soluções sustentáveis para o planeta

isabela.yu 29 de Março de 2020

Antes de começar o próprio negócio, o administrador paulistano Ricardo Gravina passou dez anos acumulando experiência em vendas no mundo corporativo. Depois de passar pelo mercado imobiliário e de comunicação, viu que era chegada a hora de empreender. Em 2009, encontrou no turismo sustentável brasileiro, até então pouco explorado, uma oportunidade. Nesse mesmo ano ele lançava a Aoka Tours, que se tornou tornou uma das primeiras agências brasileiras especializada nesse tipo de viagem. Com ela aprendeu sua primeira lição nessa área: é fundamental estreitar laços entre os habitantes e os visitantes.

A descoberta foi tão marcante que o administrador, hoje com 41 anos, percebeu que precisava ir além do turismo. Cinco anos se passaram até surgir a Aoka Labs, que leva inovação social a grandes empresas como Coca-Cola e Natura, e pela qual Gavina solidificou seu nome nesse mercado, tornando possível o sonho de fundar uma aceleradora de novos negócios, seu próximo passo. Finalmente, com o Instituto Climate Ventures, fundado em 2017, ele passou a investir na economia regenerativa e de baixo carbono no país ao premiar boas iniciativas.

“Apoiamos empreendimentos que entendem como o social e o ambiental devem andar juntos. Precisamos mudar a maneira como fazemos negócios”, afirma Gravina, que organiza chamadas anuais para “Bons Negócios”, um programa que oferece “speed meetings” e premia os melhores projetos. Entre os contemplados, Manioca, de alimentos, e SDW, de tecnologia hídrica. “Se não resolvermos a questão climática agora, o que o futuro nos guarda?”, conta o administrador sobre suas motivações.

Ricardo Gravina e artesã do quilombo do Campinho, em Paraty (RJ)
  • G |Quais os seus maiores aprendizados nesses anos como empreendedor?

    R.G. |

    Você precisa ser apaixonado pelo o que faz. Ter paixão por resolver um problema — não pela solução, porque elas são fluidas. Empreender é muito mais complexo, é necessário ter resiliência. Depois disso, tenha uma boa equipe. Estou com meu sócio há 11 anos, o Daniel Contrucci. Construímos uma ótima relação ao longo desses anos. O empreendedor acaba ficando muito sozinho, é bom ter alguém para dividir. Outra coisa importante: ter mentores, pessoas mais experientes para conversar, dar o caminho das pedras.

  • G |Você indicaria os maiores erros quando se está no início?

    R.G. |

    Um problema muito sério do empreendedor é estar encantado com a sua solução. De chegar e falar “nossa, meu negócio é demais”. Quem vai dizer se o negócio é bom ou não, é o seu cliente. A paixão cega. Outro erro comum é não ter fluxo de caixa, que acaba sendo o principal motivo pelo qual as pessoas quebram. Também é essencial ter uma pessoa vendedora na equipe. Vejo muitas pessoas chegarem com ideias boas mas não têm ninguém para dar a cara a bater. O negócio não vai se vender sozinho.

  • G |Encerrar um negócio é tão difícil quanto começar um do zero?

    R.G. |

    Mais difícil do que abrir uma empresa, é entender a hora de parar, o momento que não dá mais. O empreendedor fica entre uma pessoa resiliente e uma pessoa teimosa. Algo importante também é ter foco, mergulhe em uma coisa e veja se dá certo ou não. Você não consegue investir energia suficiente se tiver vários focos. É importante também curtir o processo e não o resultado. O prazer tem que vir antes do sucesso, que será uma consequência. Quando você empreende em uma área, tem três ou quatro empresas que arrebentam. Como ser ator, tem quatro ou cinco pessoas que você reconhece, o resto tem sucesso médio. Claro, você tem que buscar ser o Brad Pitt da coisa, o grande empreendedor, o cara que todo mundo vai saber sobre.

  • G |Já pensou em desistir?

    Ricardo Gravina |

    Sim, mas nunca voltar para o mercado corporativo.

  • G |Você vive para trabalhar?

    RG |

    Tive fases diferentes nesses 11 anos como empreendedor. Na primeira, estava apaixonado, era trabalho o dia inteiro. Só falava sobre isso. Depois de um tempo, começou a ser demais e a me incomodar. Tive um burnout, que foi importante para aprender sobre meus limites. Você precisa traçar um limite e não abrir mão dele — ou pelo menos saber onde ele está, caso decida passar. Hoje, estou mais equilibrado, reconheço a importância de me desligar.

  • G |A paixão e a motivação andam juntas?

    RG |

    Temos a paixão pelo produto ou serviço, que é algo perigoso. A paixão pelo trabalho é supersaudável – te faz acordar todos os dias com tesão. Falam que o empreendedor é herói. Tem que colocar energia mesmo, respirar e curtir. Ao mesmo tempo, não acho que o empreendedor seja um cara fora do comum, isso só o distancia do resto das pessoas. Todo mundo pode empreender, contanto que exista tesão.

Viajantes e artesã do quilombo Costa Verde, em Paraty (RJ)

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