Conheça Carrie Mae Weems e Camila Rodríguez Triana — Gama Revista
© Rolex/Audoin Desforges

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Programa de mentores e discípulos conecta grandes nomes da cultura a iniciantes das novas gerações. Conheça Carrie Mae Weems e Camila Rodríguez Triana, uma das próximas duplas de artistas que embarcam nessa parceria

Mariana Payno 10 de Fevereiro de 2021

Pelo menos desde Sócrates e Platão, a dinâmica de mestre e aprendizes gera bons frutos para a história do pensamento e das artes — afinal, ouvir alguém mais experiente abre os caminhos criativos e potencializa as ideias e o talento. Esse é o espírito por trás do Programa Rolex de Mestres e Discípulos, criado pela marca em 2002 para conectar jovens (e promissores) artistas a nomes renomados em suas áreas de atuação durante um ano de tutoria.

Dividido entre as frentes de dança, cinema, literatura, música, teatro, artes visuais e arquitetura, o projeto já recebeu personalidades como Gilberto Gil, Trisha Brown, Mia Couto, Toni Morrison, Alfonso Cuarón, Martin Scorsese e Margaret Atwood para orientar seus respectivos protégés das novas gerações. Entre as duplas do próximo ciclo de mentoria — que também conta com Spike Lee e Lin-Manuel Miranda entre os veteranos —, está a formada pela conceituada artista norte-americana Carrie Mae Weems e a estreante colombiana Camila Rodríguez Triana.

Cada uma à sua maneira, elas trazem representações identitárias para o centro de suas obras. Do lado mais maduro, Weems reconheceu, de certa forma, características suas em Triana: o grande envolvimento com a própria produção vem acompanhado pelo temperamento desafiador. “Na verdade, ela me deixa arrepiada — mas eu entendo, faço isso com muitas pessoas”, diz a mestre a Gama.

Para ela, o projeto funciona melhor se o compartilhamento de ideias for uma via de mão dupla. “Ser mentora é uma experiência de ida e volta, um relacionamento dinâmico.” As duas, de fato, podem encontrar nessa parceria possibilidades inúmeras de diálogo. A seguir, Gama apresenta os caminhos de uma e de outra e suas intersecções.

Carrie Mae Weems

Uma das artistas norte-americanas mais influentes da atualidade, ela lutou contra o racismo e o machismo — temas que aborda em suas obras

Primeira fotógrafa a participar do projeto de mentoria da Rolex, Carrie Mae Weems é muito mais do que o experiente olhar artístico por trás das lentes. Em sua robusta produção, iniciada entre os anos 1970 e 1980, ela coleciona não apenas fotos, mas também textos, vídeos, áudios, instalações e performances — trabalhos que investigam principalmente as relações familiares e identitárias e questões de gênero, classe e raça. Entre os mais célebres, está a série “The Kitchen Table” (1989/1990), retratos de inúmeros estereótipos da mulher.

Slow Fade to Black (Lena Horne), 2009-2011

Considerada hoje uma das artistas mais influentes da cena contemporânea dos EUA, Weems figura em coleções de museus como o Met (Metropolitan Museum of Art) e o Moma (Museum of Modern Art), de Nova York, e a Tate Modern, de Londres. O caminho para o reconhecimento, no entanto, foi longo, driblando justamente as opressões que ela aborda em suas obras. “Historicamente, as contribuições das mulheres negras foram subestimadas, então o racismo e o sexismo impactaram minha vida. A certa altura, percebi que precisava usar minha própria determinação e coragem para lutar contra a maré”, conta.

Scenes & Takes (To Look Back in Anger),
2016

Camila Rodríguez Triana

As lacunas da memória e o jogo entre a realidade e a ficção são os motores criativos da artista e cineasta colombiana

As identidades sociais e as relações íntimas que ocupam os espaços cotidianos permeiam os trabalhos da colombiana Camila Rodríguez Triana. Como artista visual e cineasta, ela constrói as narrativas de suas obras explorando as fronteiras entre a ficção e a realidade — e, para isso, conta com um poderoso elemento simbólico: a memória. “Estou interessada na parte da memória que você lembra, mas também na parte que você esquece, onde você pode encontrar espaços vazios, porque esquecer é o começo da imaginação”, escreve ela.

COVID 19, 2020

Premiada no Festival Internacional de Marseille pelo documentário “Atentamente” (2016), que conta a história de amor de um casal de idosos em uma casa de repouso, Triana vem sendo elogiada pela crítica e tem apresentado suas produções em eventos da América do Sul e da Europa. Como discípula no projeto da Rolex, porém, ela espera levar sua arte para outras partes do mundo. “Para mim é importante que neste momento meu trabalho possa ser visto por mais gente e que eu possa compartilhar o que vou receber durante o ano [de mentoria] não apenas com as pessoas da minha comunidade, mas com todos ao meu redor”, diz.

Ejercicios de memoria # 2 – Lìderes asesinados, 2021

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